O sabor na vida dos Cães e dos Gatos.....
- bmktnet
- 16 de nov. de 2014
- 3 min de leitura
Quem não gosta de ver seu cão feliz e com um sorriso aberto? Há quem acredite mesmo que os cães são capazes de sorrir. Será mesmo? Esta é uma discussão para outra matéria. O que não se pode negar é que cães saudáveis, bem tratados e amados sorriem com a alma e nos fazem sorrir com carinho e com atenção que parecem não ter fim.
Quando se tenta reconhecer o sorriso de um cão a primeira coisa que se vê são dentes. Grandes em alguns, enormes em outros. Mas sempre dentes e uma língua tão ágil que parece não caber na boca. Língua e dentes formam um conjunto muito importante para os animais, talvez uma das estruturas mais importantes, porque tudo começa na boca. Para romper a fase mais perigosa de sua vida, o bebê cão precisa mamar e, para isso, precisa da boca. E o que faz um bebê saber que precisa mamar? Instinto de cão, claro. Mas será só isso mesmo? Eles são capazes de identificar o sabor do leite materno?
Diversos estudos mostram que sim, eles têm plenas condições de sentir e identificar sabores. Mas não é somente isso. Eles são muito dependentes do cheiro, do formato, da textura, da consistência e da temperatura do alimento.
O paladar
O paladar é o sentido desenvolvido logo após o nascimento e que nos torna capazes de reconhecer os sabores de substâncias colocadas sobre a língua. É na superfície da língua que ficam as papilas gustativas, pequenas estruturas que reconhecem a substância e enviam a informação ao cérebro. Nós e os animais percebemos, então, esta informação como o sabor das coisas.
Pessoas sentem mais gosto que cães. É isso mesmo. Nós temos o sentido do paladar muito mais desenvolvido porque temos mais papilas gustativas. Por outro lado, os cães têm o sentido do olfato mais apurado que o do ser humano. Para eles, o gosto e o cheiro da comida são muito ligados, formando um sentido quase único (veja o quadro 1).
O olfato dos cães é cerca de 40 vezes mais potente que o das pessoas.
Quadro 1: Comparação do número de células receptoras de odor (responsáveis pelo sentido do olfato) e do número de papilas gustativas (responsável pelo sentido do paladar) entre pessoas e cães.
Células do olfato (Cheiro) Papilas gustativas (Gosto)
Cães
200.000.000* 9.000*
Pessoas
5.000.000* 1.700*
* Números aproximados e baseados em comparações médias de estudos anatômicos e histológicos.
A sensação de ‘gosto’ bom ou ruim para os animais parte principalmente do tipo de odor que eles sentem antes e durante a alimentação. Isso é fácil de se entender porque nós seres humanos também usamos este recurso, ainda que de forma menos poderosa. É só ficar resfriado que não sentimos mais gosto de nada.
Isso ocorre porque o ar que carrega partículas de odor da comida não passa mais de forma adequada pelo nariz. Ou seja, a língua sozinha não consegue fornecer todas as informações sobre o sabor do alimento. Isso vale para pessoas e é ainda mais importante para os cães.
A verdade é que o paladar, isoladamente, é um sentido de pouca importância para a alimentação dos cães.
O animal não depende do paladar para perceber se um alimento é saboroso ou não. De fato o cão percebe primeiro o odor, depois o tamanho e a textura do alimento e, só então, percebe o sabor.
Tipos de sabores
Apesar do sabor dos alimentos ter pouca importância para os cães e gatos, eles são capazes de sentir o gosto amargo, o salgado, o doce e o cítrico (azedo). E têm claras preferências.
Os sabores que mais agradam animais de companhia são compostos por proteínas de origem animal, aminoácidos, açúcares (especialmente os cães), gordura animal e cítricos (gatos). Por outro lado, os aromas que fazem os animais ‘torcer o nariz’ incluem alimentos a base de proteína vegetal, fibras, óleos vegetais, vitaminas, minerais e medicamentos de gosto amargo.
Basicamente, os cães gostam de fígado, carne, doces, ‘enxofre’ (alho), ‘sabores’ de alimentos cozidos, fermentados e úmidos. Os gatos preferem peixe, fígado, carne, cítricos, levedura de cerveja, extrato de levedura, laticínios (leite e creme de leite) e alimentos úmidos.
Os cães aceitam melhor alguns açúcares como frutose, lactose e sacarose, inclusive adoçantes do tipo ciclamato de sódio. Os alimentos úmidos ou semi-úmidos e com temperatura morna ou ambiente são sempre preferidos, mas exigem menos exercício da boca para mastigação.
Na segunda parte e última parte deste artigo você vai saber o que fazer com os alimentos dos animais, qual sua influência na saúde e quais doenças podem afetar o paladar dos pets. Não deixe de ler.
Prof. Dr. Daniel G. Ferro
Mestre e Doutor pela FMVZ-USP
Ex-presidente da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária
Cirurgião da equipe Odontovet – Centro Odontológico Veterinário www.odontovet.com | Fone: 11 3816-2450
Coordenador e professor do Curso de Especialização em Odontologia Veterinária da Anclivepa-SP
www.anclivepa-sp.org.br
Não percam na proxima edição da BLEND o nosso novo Blog- Vida Pet.
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